A endometriose é uma das doenças ginecológicas mais comuns. Acontece quando o endométrio, tecido que reveste o útero, cresce para fora do órgão. Os fragmentos vão parar no ovário, nas trompas e até em regiões vizinhas, como os intestinos e a bexiga.
Suas causas são variadas, incluindo fatores genéticos, imunológicos, inflamatórios, processos oxidativos, níveis de estresse e carências nutricionais. Mulheres com o sistema imune mais forte conseguem remover as partes do endométrio que entraram na pelve. Já as mulheres com o sistem imune prejudicado não conseguem fazer esta “limpeza”.
Como o sistema imune está desregulado, é comum que mulheres com endometriose também apresentem outras questões de saúde intolerâncias ou alergias alimentares, problemas gastrointestinais e dificuldades de digestão, que aparecem como prisão de ventre, flatulência (gases), pirose (queimação), disbiose intestinal (Schink et al., 2019).
Endometriose e a linguagem do corpo
Na visão da psicossomática o útero é afetado quando a mulher se distancia das suas características básicas, assumindo posturas de vida que não correspondem a sua maneira de ser. Geralmente isso ocorre por ter sido muito criticada ou, ainda, por ter tido os piores resultados ao agir de acordo com seus princípios. Ao perder a originalidade, a mulher passa a viver em função do meio, moldando-se aos outros e assumindo papéis sociais ou familiares. Tenta ser uma esposa perfeita, uma mãe exemplar, uma amiga ideal, etc. Essa postura gera comportamentos que atendem aos modelos estereotipados pela sociedade; no entanto, ela não condiz com sua natureza íntima.
Portanto, o desejo de agradar aos outros ou adequar-se à sociedade pode sufocar a essência do ser que habita em cada um de nós. Essa conduta reflete no corpo em forma de complicações uterinas. O endométrio é um revestimento do útero que produz substâncias nutritivas e muco para nutrir o óvulo no caso de ocorrer fecundação e ele se implantar no endométrio. Metafisicamente é a tentativa da mulher em se afirmar como pessoa diante daqueles que a cercam. O mecanismo adotado para alcançar esse objetivo é o de querer que os outros sejam iguais a si, que pensem e ajam à sua maneira. “se todos forem iguais a mim, não vou me sentir inadequado”.
Isso representa não estar seguro quanto ao seu próprio jeito de ser. Ficar seguro de que temos o direito de ser diferente dos outros, agir a nossa maneira sem querer “forçar a barra” para que as pessoas também sejam assim; respeitar o nosso estilo e deixar que cada um faça a sua maneira.”
Existe também um perfil comportamental que é comum entre as mulheres que desenvolvem a doença.
São em geral mulheres ativas, responsáveis e com muitos afazeres;
Costumam agir de maneira enfática, com força além dos seus limites emocionais ;
Apresentam relativa dificuldade na aceitação da condição de mulher, e de maneira idêntica não compreender que somos cíclicas e que, portanto, alternamos períodos de atividade com períodos de interiorização
Afeta entre 6 e 10% das mulheres em idade reprodutiva e pode causar dores, dificuldades sexuais e maior risco de infertilidade e câncer. A doença também pode afetar, além da saúde física, a saúde mental e os relacionamentos. Não existe cura para a doença. Desta forma, além dos tratamentos médicos convencionais (medicação, cirurgia) indica-se o acompanhamento por uma equipe multiprofissional constituída por psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas, gastroenterologistas, cirurgiões, urologistas, ginecologistas, acupunturistas (Agarwal, Foster e Groessl, 2019), professores de yoga, fitoterapeutas, homeopatas, naturopatas, terapeutas ayurvédicos, além de grupos de apoio.
Fitoterapia
Dentre as plantas mais estudadas para o tratamento da endometriose estão: Achillea millefolium, Alchemilla vulgaris, Aletris farinosa, Anemone pulsatilla, Angelica sinensis, Astragalus membranaceus, Atropa belladonna, Curcuma longa, Dioscorea villosa, Echinacea angustifolia, Gelsemium sempervirens, Glycyrrhiza glabra, Gossypium herbaceum, Leonurus cardiaca, Matricaria recutita, Mitchella repens, Paneonia lactiflora, Pinus pinaster, Piscidia erythrina, Robus idaeus, Senecio aureus, Silybum marianum, Taraxacum officinale, Valeriana officinalis, Viburnum opulus, Viburnum prurifolium, Vitex agnus-castus, Zanthoxylum americanum e Zingiber officinale (Reid, Steel e Adams, 2019).
Entre estas plantas destacam-se a Cimicifuga racemosa (erva de São Cristóvão) para o tratamento da dismenorréia (cólica menstrual), enquanto a A. millefolium (Mil em rama) tem sido bastante recomendada para o tratamento de sangramentos fora do período menstural.
Miodesin®
Um composto extraído de plantas amazônica, como a unha-de-gato (Uncaria tomentosa) e batizado de Miodesin® tem contribuído para o tratamento de miomas uterinos e da endometriose. As plantas utilizadas no fitocomplexo são ricas em taninos e alcalóides com atividades antiinflamatória, antioxidante, antitumoral e imunoestimulante. O fitoterápico unha-de-gato ser prescrito por nutricionista para uso oral ou por médico ginecologista para uso intravaginal, misturado a um veículo (Pentravan®) que permite a absorção pela pele.
Para avaliar a eficácia de Miodesin®, foi realizado um estudo clínico com 32 pacientes do sexo feminino com mioma uterino e endometriose. Nesse estudo, o tamanho do útero foi determinado por ultrassonografia no início e após 2 meses de tratamento, assim como coletadas amostras de sangue no início e após dois meses de tratamento. A histeroscopia com biópsia endometrial foi realizada em 10 pacientes para avaliar o efeito no endométrio e no mioma submucoso (Maia et al., 2018).
As pacientes foram divididas em grupos, o grupo que recebeu MiodesinTM (500mg/dose) em Pentravan® por via vaginal associado com Gestrinona Fagron (2,5mg/ duas vezes por semana) em Pentravan® por via vaginal tiveram redução significativa do volume uterino de 43%, no grupo que tratou somente com MiodesinTM (500mg/dose) em PentravanTM por via de administração vaginal tiveram redução significativas do volume uterino de 22%, porém com menos reações adversas.
Minerais também podem ser prescritos para pacientes com endometriose. Os objetivos são a correção de possíveis carências de cálcio, iodo, ferro, fosfato, magnésio, ou redução do estresse oxidativo, com suplementação de zinco e selênio. Vitaminas e fitoquímicos também vem sendo estudados, principalmente na tentativa de reduzir a quantidade de radicais livres e a inflamação.
Na homeopatia a Belladona, chamomilla, C. racemosa, Folliculinum, Kalium phosphoricum, Luteinum, Magnesium phosphoricum, Nux vomica, Rhus toxicodendron, Sepia officinalis, Silicea terra e Thiosinaminum estâo entre os medicamentos prescritos (Reid, Steel e Adams, 2019).
Ayurveda
Na perspectiva ayurvédica, a endometriose advém do acúmulo de toxinas (ama) e de um desequilíbrio dos três doshas. Segundo o Dr. David Frawley, a endometriose é principalmente um problema de Kapha devido ao aumento da acumulação de células e ao crescimento excessivo do endométrio, como um tumor. Também pode ser pensada como um problema de Pitta, devido ao envolvimento do sangue, hormônios e menstruação, além da natureza inflamatória da doença.
O dosha Vata também está envolvido de várias maneiras. Uma é a natureza dolorosa da endometriose, que coloca Vata no centro do desequilíbrio. Depois, há o envolvimento de Apana Vayu no movimento descendente do fluxo menstrual e também o envolvimento de vata na circulação sanguínea. Talvez o sinal mais óbvio do papel de Vata seja o deslocamento das células endometriais de sua localização original no útero para lugares externos. Portanto, a endometriose é uma condição Sannipatika que envolve todos os três doshas, embora a proporção de cada um possa variar em certa medida de acordo com o paciente individual.
O objetivo da abordagem ayurvédica é estimular as habilidades naturais de autocura do corpo, não apenas para tratar a endometriose, mas também para prevenir doenças em geral e criar um estado de saúde e bem-estar. Como a endometriose é uma condição do acúmulo de ama, o tratamento deve se concentrar na desintoxicação. Uma dieta altamente nutritiva e facilmente digerível com quantidades suficientes de ervas digestivas deve ser o primeiro passo para o tratamento. A dieta destoxificante deve ser seguida por pelo menos 40 dias. Depois deste período o paciente passa também por massagens diáreas com óleos ayurvédicos, tratamentos corporais para relaxamento, yoga, meditação e tratamentos purgatórios específicos.
Terapias corpo-mente no tratamento da endometriose
O estresse aumenta a secreção de cortisol, piora a imunidade e aumenta a inflamação dificultando o tratamento da endometriose. Por isto, indicam-se terapias corpo-mente para alívio do estresse como yoga, práticas de mindfulness, meditação, Chi Kung e Tai Chi Chuan.
Dieta antiinflamatória
Adote uma alimentação fresca, rica em frutas e verduras, ervas, temperos, sementes, castanhas pois contém várias substâncias que desinflamam o corpo, reduzem a dor e aumentam o bem-estar. Ao contrário, carnes vermelhas, frituras, álcool, gordura vegetal inflamatório, derivados lácteos, alimentos ultraprocessados aumentam a inflamação do corpo.
A deficiência de vitamina D também é um fator de risco para a endometriose (Sayegh et al., 2014). Mantenha os níveis acima de 30 nmol/L.
Aqui na Keyo, temos um time de profissionais capacitados para lhe ajudar com estas questões.
Fontes: Terapias integrativas no tratamento da endometriose — ANDREIA TORRES, Livro Metafísica da Saúde – Volume 2 – Valcapelli e Gasparetto
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